domingo, 18 de dezembro de 2011

O Livro das Sombras


O livro das sombras (book of shadows),grimório ou livro de fórmulas é um livro onde a bruxa anota todos os seus procedimentos para viabilizar cada fórmula, os rituais, feitiços, experiências e informações que julgar importantes. Na antiguidade não era raro uso de linguagens cifradas afim de proteger os conhecimentos e o livro era guardado tal e qual um tesouro,pois qualquer falha na formulação podia trazer efeitos indesejáveis ou mesmo nocivos. Formulações com plantas venenosas e também curativas tinham medidas exatas e requeriam muito cuidado na manipulação dos ingredientes: uma dosagem um pouco maior poderia ser fatal, uma dosagem um pouco menor não produzia efeitos. No tempo da inquisição os grimórios foram queimados pelas própria bruxas e por isso muito pouco deles chegou até os nossos dias. Naquela época qualquer anotação da combinação de ingredientes com fins mágicos ou curativos encontrada com alguém constituía prova suficiente de que a pessoa era uma feiticeira e ela estaria destinada à fogueira. Assim sendo,as bruxas guardavam as fórmulas na memória e, tão logo lessem algum livro que circulava entre as feiticeiras, ou o passavam em frente ou o queimavam.
Hoje não temos mais este temos e, ao contrário de outrora, o livro das sombras geralmente não é compartilhado, mas sim guardado para uso exclusivo de seu dono podendo ser transmitido a filhos ou pessoas de confiança.
Como fazer?
Você pode comprar um pronto. Muitas pessoas usam cadernos comuns de capas neutras. É possível encontrar na internet livros prontos,com capas decoradas e bem trabalhadas e costumam custar entre 80 e 300 reais,dependendo da riqueza de detalhes, material, número de folhas. Seu livro deve trazer nele referencias a você mesmo,sabe aquele dito "o que não se parece com o dono é roubado"? Pois então, deixe ele que se pareça contigo. Quando decidi ter um BOS imediatamente me pus a procurar um artesão que o confeccionasse já que eu jamais havia feito um livro. Encontrei o "Tarô Sacro", vi fotos dos livros que faziam e gostei bastante do trabalho,enviei todas as informações sobre como o queria com imagens inclusive, me disseram que poderiam fazer por 250 reais, valor com frete incluso, eu sou taurina, cautelosa com dinheiro, mas fiz tantas exigências que achei o valor justo. Paga a mercadoria o combinado eram 15 dias até a postagem nos correios, coisa que só aconteceu quase dois meses depois. A esta altura eu já estava frustrada pois me enviaram fotos do livro pronto e não estava nada como solicitei, mandei que cobrissem com tecido brim preto ao menos. Neste meio tempo decidi fazer meu livro. Consegui as folhas de papel A3, a parte rígida da cama e sabia como o faria. Uma semana costurando folhas a mão (tarefa dolorosa já que ao todo foram 500 folhas,1000 páginas), medindo e cortando, bordei a mão na capa uma árvore que representa a minha forte ligação com a Terra que me sustenta,nutre e assegura; e a minha busca pelo crescimento,evolução,pelo Alto. Enquanto fazia me cortei e derramei sangue nele, pronto, estava assinado! É este que sempre uso e guardo com carinho e zelo numa caixa própria (também feita por mim). O outro,encomendado,continua no pacote.Gosto de escrever meu aprendizado, informações valiosas que adquiro por experiencia, rituais, feitiços que já fiz com anotações sobre resultados e ervas ressecadas. 
Circula na internet alguns livros das sombras prontos para download, com páginas decoradas, desenhos e ritos. Sinceramente, acho inúteis, é como basear a sua vida no diário de outra pessoa, no máximo eles podem ser usados como complemento. O valor de um livro das sombras está no conteúdo. É o seu caminho místico escrito ali. 
Acima,o livro feito por encomenda.
Abaixo,o livro feito por mim.

sábado, 8 de outubro de 2011

Minha história com Emma


Normalmente aos fins de semana não há muito que se fazer aqui,aquele era um sábado tão monótono quanto os outros,mas com um diferencial,a luz do dia estava deslumbrante,era inicio de tarde e a luminosidade era similar a do amanhecer. Pedi desculpas aos livros,me arrumei e fui ver o mundo lá fora. Peguei minha bicicleta,o mp3 jurássico,uma maçã e fui pedalar na universidade. Ainda não sei como aquela pobre maçã chegou inteira já que foi pulando e batendo na cesta por todo o trajeto. Gosto de percorrer os lugares que ainda não conheço,embora quase rodas as rotas terminem num lugar comum. Fui lá eu,passei pelas árvores,pelo lago e pelas flores cantando Feist,Zélia Duncan,Mafalda Veiga e Aimee Mann a altos brados,para a infelicidade de quem ouvia. Cheguei a grande área esportiva,com suas quadras,campos e piscinas,separando as quadras de tênis do asfalto há uma fileira de pinheiros num gramado e bancos de troncos,parei por alí,bem no meio das grandes árvores. Sentei-me num dos troncos com minha maçã e senti o vento,esse sofro ficou gravado,pois parecia seda envolvendo meu corpo. Fechei os olhos e apenas fiquei,até me sentir parte daquilo,aquela paisagem bucólica,o sol fraco e gentil,as formigas me fazendo de atalho e as folhas balançando. Tive neste momento uma das mais profundas sensações de paz de minha vida. Os sons eram calmos...o vento,as folhas,as crianças ao longe brincando. Senti-me imensamente grata a Deus tudo. Abri os olhos quase em alfa,respirei mais um pouco a tranquilidade e abocanhei a maçã. Abracei  um dos pinheiros que apesar da casca grossa só me fez carinho e me veio um pensamento: Eu gostaria de ter um cachorro aqui.  Sim,um cachorro,não desejei alguém querido,uma câmera,um lençol pra deitar,nada disso,queria apenas um amigo de quatro patas. Fiquei mais um pouco,despedi-me e fui embora. Bem perto dalí, na estrada com gramado dos dois lados avistei algo correndo em minha direção,não tenho boa visão então realmente não sabia o que era num primeiro momento,parei a bicicleta e esperei,uma cadelinha parda foi chegando e parou há uns dois metros de mim,sentou-se e fez cara de paisagem. Eu andei um pouco mais,ela acompanhou e sentou-se novamente à mesma distancia. Era comigo mesmo. Chamei-a pra perto,ela desconfiada veio devagar até se entregar a um cafuné. Fui pra grama com ela e ficamos alí um pouco. Como louca eu disse a ela que tinha de ir embora,montei na bicicleta e fui,ela me seguiu por uns 200 metros e novamente eu parei,ela também. Me olhou como quem convida pra uma prosa e eu atendi. Outra vez nós duas sentadas na grama,alguns garotos passaram por nós com cães em coleiras,ela rosnou e sem pensar eu disse: Emma!!  Ela parou,me olhou e parece ter gostado de seu novo nome. Emma veio mais pra perto,deitou-se atras de um afago e me fez companhia por cerca de 40 minutos. Éramos só nós olhando o tempo passar.
Virei-me para ela e expliquei que estava escurecendo e eu já ia,sem me importar nem um pouco com os olhares de quem passava. Levantei-me e fui. Desta vez Emma não me seguiu,só me olhou até eu desaparecer na curva.
Só então dei por mim do que houvera,eu pedi um cão e tive um. Talvez Emma também tivesse me desejado. Seguindo sua incrível coerência e sabedoria,o universo nos presenteou uma com a outra.
Nos dias que se seguiram comprei um pacote de biscoitos caninos e passei a andar com alguns na mochila. Em meu próximo encontro com Emma fizemos um piquenique (pelo amor de Deus,não pensem que comi os biscoitos caninos!) numa tarde de muito calor. Gosto de passar por aquele trecho pois quase sempre a encontro,e sempre nos cumprimentamos alegremente.
Pensei muito naquilo que peço a Deus todos os dias e cheguei à conclusão de que peço demais coisas que não preciso ter. Meu dia não precisa ter mais 10 horas,meu aluguel não precisa baixar mais,meu vizinho não tem que fazer silencio só porque eu estou de tpm. O que eu preciso mesmo é reclamar menos,cobrar menos e fazer apenas um pedido: Senhor,ajude-me a aproveitar o bom dia que me dá.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

As doces surpresas da Vida

O que um dia de inverno pode trazer? Um chuveiro queimado,um encontro adiado,novas pessoas....Mas hoje,o dia me trouxe algo bastante agradável,como a abelha que vem de longe para um jardim escondido. Poucos minutos e fui presenteada com a leitura de sonetos belíssimos,e não tive dúvidas,queria coloca-los aqui. Com a devida permissão,apresento-lhes o motivo de meu bom humor.Dois belos sonetos de Vanessa Castro.


O teu sorriso


O teu sorriso é sol desabrochando
Em fios d ouro ao resplendor da aurora
Aparecendo radiante exatamente quando
A universal pureza revigora.

É orvalho de doçura se espalhando
Que se evola e nunca se evapora
Alvinitente rosa que brotando
Junto do amora no paraiso mora.

O teu sorriso é um rio e mil cristais
Uniram-se as aguas q ele tem
E são teus labios fontes eternais.

Quando sorris do etereo os anjos veem
Talvez por desejarem até mais
Do que a fonte amavel deste bem.



Desejos

Essa manha desejo ter-te em meus braços
E te cobrir de afagos e desvelos
Perder os meus dedos entre teus cabelos
Após solta-los da prisão dos laços.

Desejo te abraçar e nos abraços
Os carinhos q fazes merece-los
Verte os olhos castanhos para lê-los
E decifrar de amor os meigos traços.

Desejo ouvir ao nos acharmos sós
No fluir delicado da sua voz
Ciumes tolos e conselhos sabios.

E para arrematar o meu desejo
Levar apos me dares o teu beijo
O que deixaste escrito nos meus labios.




Eu realmente me apaixonei pela suavidade,doçura e harmonia destes trabalhos,e isso me faz pensar nas portas que abrimos sem importância todos os dias. Os "Bom dia's" desenteressados,os "Olás" automáticos e os tantos outros pequenos gestos que,se melhor explorados,poderiam nos revelar uma infinidade de agradáveis surpresas. Esteja aberto ao que o universo pode lhe mostrar a cada dia,e lembre-se de que ele tem muito para revelar a quem se dispõe a parar e ver.

domingo, 26 de junho de 2011

Celebrando Litha

Litha (21 de junho para quem roda pelo norte e 21 de dezembro para quem roda pelo sul) é certamente um sabath de imensa luz,pois marca o auge do poder do sol,do Deus Carvalho,celebrado no maior dia do ano,o solstício de verão. Nele celebra-se o auge da juventude da Deusa e do Deus.

Shakespeare,inclusive,usou a temática de Litha em "Sonhos de uma noite de verão".

Na minha cidade natal a festa de São João é ceramente uma das mais esperadas do ano,sendo este o padroeiro do município tri-centenário.Gosto de observar os costumes mais antigos da festa e é clara sua origem,as bandeiras coloridas,fogueira e a dança descendem diretamente do festival de Litha. É um ótimo período para rituais que envolvam prosperidade,sucesso e dinheiro,e essa energia forte do Sol deve ser alegremente recebida e louvada,para que seja transmitida a tudo que toquemos. Pra mim,como bruxa,é um período muito forte,tudo corre depressa e vigorosamente e tento tirar o máximo proveito disto,investindo ainda mais nos planos pendentes. No dia 21 celebrei à minha maneira,porém hoje é que ritualizei com meu grupo de costume. Matar a saudade dos abraços calorosos (tanto quanto o sol) dos amigos da Arte e sentir forte a energia do ritual renovaram minhas energias.Baterias recarregadas e a todo vapor! Desejo a você (celebre Litha ou Yule) toda luz que recebi do Deus,e que a segunda metade do ano sempre tenha algo desta luz,mesmo que sejam épocas difíceis. Abra os braços pro sol e receba alegremente seu calor.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Meus oráculos.

Digo 'meus' porque não vou mostrar um artigo de pesquisa sobre as origens ou formas dos oráculos,mas da minha visão sobre eles.
Um oráculo,basicamente,é um objeto utilizado para obter conselhos,respostas ou inspiração do Alto,ou uma pessoa capaz de estabelecer esta comunicação com os seres supremos.
Eu,que não tenho um pingo de clarividência (graças a Deus),uso alguns artifícios,como baralhos,pêndulo,pedras,livro do destino...
Antes de escrever este post,fui consultar os principais focos para saber de sua opinião. Sim,pedi "permissão" para falar deles,o meu livro do destino foi o mais expressivo,aliás,deixe-me falar um pouquinho dele....o encontrei numa livraria comum,entre livros de maçonaria,fiquei em dúvida entre ele e o livro "Maria Madalena,a face feminina de Deus".Nos primeiros mêses me arrependi,não nos dávamos bem.As vezes ele me respondia,as vezes me ignorava,nunca o consagrei e nem pretendo,não sinto necessidade.Com o tempo nossa relação foi melhorando.Ele realmente tem uma personalidade,e parece meio insano dizer isso de um livro,mas é a verdade.Quando eu cogitei dar ele a outra pessoa,ele foi claro dizendo: "O planeta Jupter está em transformação e ORDENA que vc esqueça isto." Dei risadas disso.Ele nem sempre é direto,mas sempre dá um bom conselho. Então,quando eu o perguntei hoje se podia escrever sobre ele,a resposta foi: Fuja disto como o diabo da cruz. Ah,frustração! Dialoguei com ele,e sim,expliquei como seria abordagem e ele concordou. "Você deve ser branda."
Esta relação de amizade com um oráculo,por mais maluca que possa parecer,é extremamente importante. Cada instrumento é único para cada bruxa. E alguns não funcionarão com certas pessoas,eu por exemplo não me saio bem com oráculos que envolvem água,como as bacias,fogo,como nas velas e brasa,nem espelhos. Alguns outros,como ossos e búzios nunca me atraíram.
Além do livro,tenho três baralhos,usados em diferentes situações,sobre dois deles eu não gostaria de falar,o terceiro é um baralho de flores,lindo e com uma energia meiga que me lembra um conselho de avó. O comprei na compania de um grande amigo,Dragony,que gentilmente pagou minha passagem de ônibus já que eu gastara todo o dinheiro com as cartas. "É a sua cara",foi o que ele disse.
Uso o pênculo quase exclusivamente para encontrar coisas (o que é muito frequente já que nunca sei onde está nada) e identificar energias.
As pedras para questões mais físicas e materiais.
Outra coisa importante sobre oráculos é que vc não deve deixar qualquer pessoa (ninguém,de preferencia) manusea-los. Eles captam energia diretamente das mãos,uma energia desconhecida pode afetar o funcionamento e a harmonia. Eu detesto quando alguém toca os meus,especialmente porque eu deixo claro que não gosto disto e a pessoa ignora,mostrando total falta de conhecimento e desrespeito.
Para alguns,a limpeza e a consagração são funcamentais,como o pênculo e as pedras.E geralmente quando o tempo de uso deles já se foi,os próprios demonstram,com cartas e peças que somem rasgam ou quebram. Para o caso do tarô,o tempo máximo aconselhado é de 7 anos de uso,mesmo que ele esteja em bom estado.
Não existe nada que não possa ser perguntado,mas existem perguntas erradas. Como: Fulano me fará feliz? Creio que se o instrumento pudesse falar,ele diria: O que é felicidade pra vc? Então,é melhor algo como: Fulano me fará bem? E há questões cujas respostas não devem ser reveladas.
Qualquer oráculo pode ser fonte de sabedoria e auxiliar imensamente uma bruxa,mas deve-se ter em mente a instabilidade do 'futuro'. O tarô pode lhe dizer uma coisa hoje e outra totalmente diferente amanhã referente à mesma coisa,ou as previsões podem não acontecer,pelo simples fato de vc ter mudado suas atitudes.
Use aqueles que lhe foram afins,crie um elo.Faça dele um amigo.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Adolfo Bécquer - XI

Escuta,eu sou ardente e sou morena,
Sou tal e qual o emblema da paixão;
De ânsias de gozos minh'alma é plena.
Não me procuras? _Não te quero;não.
Tenho pálido o rosto e as tranças de ouro;
Posso te oferecer ditas sem fim;
Possuo de ternuras um tesouro.
Não me chamas? _Chamei,mas não a ti.
Eu sou sonho,eu sou um impossível,
Fantasma vão feito de névoa e luz;
Tanto incorpórea sou como inatingível;
Não poderei amar-te. _Oh!Vem;vem tu!

Enquanto o velho vai embora....

SACODE A POEIRA DA TUA SAIA
É,foi-se 2010,e com ele uma leva de coisas.Como diria uma amiga, "mundo de areia que o mar tráz e leva". Bom,meu ano começou a terminar em outubro com Samhain, e algumas coisas foram minguando,definhando,se desmanchando,até morrerem,exatamente como a lua. E eu comecei o novo ano compreendendo muito mais o céu,suas estrelas,planetas,luas,cometas,sois. Quando comecei a pensar no que fazer para ter um bom ano a primeira coisa que me veio à cabeça foi uma lembrança, no centro de umbanda que um dia frequentei o mentor sempre cantava quando os pretos velhos estavam indo embora "enquanto o velho vai embora,sacode a poeira da tua saia",mas pela primeira vez parei pra refletir sobre o cantico. Esse sacodir a poeira é deixar que as coisas partam e limpar-se,preparar-se para o que há de vir. Eu sacodi a poeira e estou leve para trilhar 2011.