"Se antes de cada ato nosso nos puséssemos a prever todas as consequencias dele a pensar a sério. Primeiro as imediatas. Depois as prováveis,depois as possíveis, depois as imagináveis, não chegaríamos sequer a mover-nos de onde o primeiro pensamento nos tivesse feito parar. Os bons e os maus resoltados dos nossos ditos e obras vão-se distribuindo, supõe-se que de uma forma bastante uniforme e equilibrada, por todos os dias do futuro, incluindo aqueles, infindáveis, em que já cá não estaremos para poder comprová-lo, para congratular-nos ou pedir perdão, aliás, há quem diga que isso é que é a imortalidade de que tanto se fala." (Ensaio Sobre a Cegueira-José Saramago).
Pensei na imagem de uma pessoa deixando um lugar,talvez portando alguma bagagem,mas nenhuma pareceu tão adequada quanto essa. Uma criança,com seus cachinhos enfeitados com flores,soprando semestes pra longe,fazendo por impulso o que a natureza cedo ou tarde faria.
Quando eu peguei minha vida nas mãos,arrumada e estável,o mesmo impulso me tomou,pois esta esfera sozinha não enfeitaria todos os caminhos que eu teria de seguir. Eu puxei o ar meu fundo,e soprei,soprei tudo que podia. Com isto lá se espalharam pedaços de mim por vários lugares.Foi necessário para que cada parte de mim tivesse a chance de crescer.
Uma mudança é isto,é um sopro,inevitável. Eu adimiro as pessoas que têm a coragem de se jogar a estes ventos sem ter a menor idéia de onde irão parar, quantas vezes não temos de fazer isto, mas um homem me ensinou a ter, ao menos, um plano 'B', uma forma de sair com o mínimo de danos possíveis de você se estabacar no chão, ralar a cara e quebrar alguns dentes. Merthiolate,plano odontológico,alguns trocados no bolso.......
Se um vento assim sopra pouco podemos fazer, afinal qualquer escolha terá um reflexo. E pode ser um belo vendaval, daqueles que te atira forte contra o chão, leva embora a sua base e ainda deixa entulho espalhado pra você limpar. Ou pode ser a corrente que vai levar seu barco a uma nova terra rica e bela. Há ainda os que fingem levar a um lado e quando você vê,está em outro. Em qualquer dos casos é bom saber que nem sempre há espaço para bagagens antigas, e pode ser necessário definir o que é prioridade e o que é dispensável. Aliviar o navio e seguir em frente, a toda força.
A medida que passamos por estes períodos de transformação adquirismos experiencia,aprendemos,mesmo sem perceber. E talvez quando novamente os ventos vierem seremos inteligentes o suficiente para aplicar o que aprendemos,evitando os mesmos erros e amadurecendo idéias. Mas há quem enfrente mudanças 100 vezes e 100 vezes tente navegar contra elas,talvez gostem de naufragar.
Use o intelecto que a natureza lhe deu. Não esqueça os momentos difíceis, mas passe a olha-los como um porcesso ao qual você sobreviveu e cresceu.
"Quando os ventos de mudança sopram, umas pessoas levantam barreiras, outras constroem moinhos de vento." (Érico Veríssimo)
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